Essa matéria é quase um conto. Tão boa que precisei postar:
A matéria original foi publicada no O Diário
Um homem solitário. Um filme pornô. E uma abobrinha. Esses três itens,
aparentemente sem nenhuma, ou pouca, conexão, se tornaram personagens de
uma história inusitada em Maringá nesta semana. E que acabou em uma
cirurgia de emergência.
O homem de 63 anos estava em casa, alta madrugada de uma terça-feira
sem graça, e decidiu assistir a um filme pornográfico. Entusiasmado com
as performances dos atores, resolveu inserir um pouco mais de prazer em
sua vida. Na falta de um consolo, revirou a despensa e reparou que, nas
formas inocentes de uma abobrinha, havia um instrumento erótico em
potencial.
Voltou à sala, o sexo correndo solto no DVD. Excitado, sacou da fruta
(sim, é uma fruta) e introduziu seu vibrador ecologicamente correto no
ânus. Triste destino o do vegetal, que escapou da panela para cair
diretamente no fogo de uma paixão proibida.
O prazer se transforma em medo. Desconhecendo o poder de sucção de
seu próprio reto, o homem se vê às voltas com uma abobrinha entalada e
que não quer mais sair. Desesperado, tenta arrancar a fruta cilíndrica a
todo custo - e quebra a dita ao meio. Um pedaço de tamanho considerável
teimosamente se aloja no âmago do homem, cuja excitação inicial deu
lugar a um terror incontrolável.
Às favas com a privacidade. Para salvar o próprio traseiro, é preciso
colocá-lo na reta. Encaminha-se ao hospital, diz que há um objeto
estranho em seu ânus. Enrola para dizer o que é e como foi parar lá
dentro. Os médicos alertam que qualquer tipo de intervenção tem risco
redobrado se eles não souberem exatamente o que aconteceu, e como. Pedem
que o homem se acalme e sente para contar detalhadamente seu caso. Ele
permanece em pé e se rende às argumentações dos especialistas. Conta
tudo, afogueadamente, mas falando baixinho.
É um caso sério. Guias são preenchidas, exames são solicitados. Um
raio-x descortina o renitente pedaço de abobrinha no interior do homem, a
prova de um impossível caso de amor entre dois espécimes de reinos
distintos. Aturdidos, os médicos decidem que é um caso de cirurgia. E de
urgência.
O procedimento é realizado, o SUS - esse intituto tão criticado e
vilipendiado - custeia a devolução da dignidade ao maringaense incauto.
Aquele pedaço de mau caminho foi definitivamente retirado da vida dele.
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